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9.01.2009

ação no carrefour osasco, neste sábado


o fato:

Um homem negro estava no estacionamento do Carrefour de Osasco com sua EcoSport esperando a família voltar das compras, quando ouve o som do alarme de uma moto.

Ele sai do seu EcoSport para verificar o que ocorre, deixa trancado dentro do carro os seus documentos, juntamente com sua filha Esther de 2 anos que dormia no veículo.Quando viu que cinco ou seis homens se esgueiravam. Encurralado pelo grupo , acabou jogado ao chão e espancado pelos seguranças do CARREFOUR, com direito a coronhadas na cabeça, chutes e murros na boca, enquanto gritavam em alto e bom som: '' Ladrão, ladrão! O que você tá fazendo dentro da EcoSport? Ladrão, ladrão!''. ( RACISMO )

E não parou por aí, levado para uma salinha da segurança ( CÁRCERE PRIVADO ), apanhou ainda mais.Quando os polícias chegaram ainda ouviu insultos do tipo:'' Você tem cara ( MAIS UMA VEZ RACISMO ) de pelo menos umas três passagens, não adianta negar. Fala que vai ser melhor''.
Ou seja, homem por ser NEGRO, é espancado e acusado de roubar seu próprio carro uma EcoSport.
Sob todos os pontos de vista é RACISMO.

a ação:

Diante disso o Coletivo Negro de Teatro convoca para uma intervenção artística-política-pacífica no dia 06/09 ás 15:00 no estacionamento do CARREFOUR. Entendemos que a discriminação RACIAL é um problema de toda a sociedade não só dos negros. Compareça.
Reunião com pessoas interessadas em participar da intervenção dia 02/09 ás 17:00, no Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, que se situa no seguinte endereço:

Rua Dr Augusto de Miranda 786, próximo ao SESC Pompéia, telefones: 3803-9396 e 9587-8055.
OBS: Não podendo estar na reunião mande um representante ou ligue e se informe.

5.14.2009

reflexos do 13 de maio na Folha de S. Paulo

IGUALDADE RACIAL

Ministro ironiza críticas de general sobre cotas raciais

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em evento de lançamento de ações afirmativas para negros, o ministro Edson Santos (Igualdade Racial) reagiu ontem às declarações do general de exército Paulo César de Castro, que, na última segunda-feira, exaltou o golpe militar de 1964 e ironizou as políticas de cotas raciais na educação.
Ao citar a reportagem da Folha que trouxe as declarações do militar, Santos disse, em discurso de improviso: "Esse discurso grosseiro, vindo de uma figura da mais alta patente de nosso Exército, me leva a crer que ainda existe muita gente despreparada ocupando posição de alta responsabilidade com o nosso país".

Na última segunda, o general, principal responsável pelo ensino no Exército nos últimos dois anos, disse que entrou no colégio militar sem a necessidade de cotas.
"[Foi] em concurso, sem que jamais me tivesse sido exigida a cor da pele dos meus pais, avós e demais ascendentes ou me tivessem acenado para integrar qualquer tipo de cotas fossem elas quais fossem", afirmou o general, um dos 14 quatro estrelas (posto máximo) do Alto Comando do Exército.

Ontem o militar foi ironizado pelo ministro. "Ele [general Castro], um cidadão branco, disse que entrou no colégio militar sem precisar de cota. É evidente", disse, interrompido por aplausos e risos dos presentes.

"Ele [o militar] é a própria cota", gritou um integrante do movimento negro presente ao evento.
Santos anunciou ontem, entre outras ações, o plano de implementação de uma lei que obriga a inclusão no currículo escolar da cultura e da história afro-brasileira.

fonte: Folha de S. Paulo - 14/05/2009, página B6

refletindo o 13 em 13 minutos

Até alguns anos atrás o dia 13 de maio era, para imprensa brasileira, um dos poucos dias cujo espaço para o negro era reservado para além das páginas policiais ou esportivas. No entanto, ontem ao abrir os jornais qual foi a minha surpresa?

Não havia uma nota, artigo ou qualquer outra menção a efeméride...surpreendente! Tal fato me fez refletir sobre duas possibilidades:

- ou a data reservada à discussão da comunidade afro, reservada pela imprensa, passou a ser o 20 de novembro e a população não foi avisada,
- ou não ocorrem discussões relevantes na comunidade afro, para ocupar o espaço nos jornais e a página de esportes continua sendo a nossa cota diária.

Agora, o mais inusitado foi que no dia 12 (terça-feira) o Educafro organizou um desfile com modelos negros em frente à Catedral da Sé. O único jornal que públicou nota (com direito a chamada na capa) foi o Metro, os demais não citaram uma palavra sobre o evento.

Mais uma vez pergunto: um evento com modelos negros reivindicando espaço num dos principais eventos de moda, a SPFW, que acontece daqui a um mês, não é relevante?

Quem são estes modelos? Por quais razões eles não estapam os anúncios de moda? Se o mercado de moda está crescendo, porquê não espaço para negros?

Hoje, quando abro o jornal havia uma nota falando do ministro Edson Santos (SEPPIR), em que ele falava sobre um novo programa de ações afirmativas (texto acima). Claro, que mais uma vez a reportagem se ateve em falar das cotas...pois, quando falamos de negros falamos de cotas, apenas disso, não há nenhuma outra discussão pertinente acontecendo na comunidade.

Sei que este texto está num tom amargo, ou até mesmo, irritado...mas, saber que as pessoas se quer sabem quais são os motivos que levam o movimento negro a se mobilizar no Vale do Anhangabaú no dia 13 de maio, ainda me choca...muito!

Ainda ontem um amigo me perguntou, pelo twitter, o que era o dia 13 de maio, expliquei e ele me respondeu "mesmo que fosse feriado eu teria que vir trabalhar, ainda bem que não é". O que eu respondi? Nada. Fiquei em silêncio...

Na semana passada fui ao Congresso de jornalismo cultural, quantos negros compunham a mesa de debate? Nenhum. Quantos negros na platéia? Havia pelo menos duas pessoas: eu e uma jornalista. Aonde estão os negros jornalistas?

Quando vejo que nem mesmo os professores na faculdade levam a discussão para dentro da sala de aula e assumem "a minha abordagem é eurocêntrica", os argumentos me fogem e respiro muito fundo e busco encontrar a diversidade noutros lugares...fora das páginas cinzas dos jornais, da sala de aula, da tv...vou para as ruas e vejo que a maioria das crianças e adultos em situação de rua são negros... e eu, dentro de uma minoria sou negra e jornalista, tentando compreender e modificar o espaço que me foi reservado.